– Quem é a Fabiana?
A Fabiana tem 40 anos, é casada há 14 anos e é mãe de pet. Trabalha no Memorial Parque Jaraguá há 3 anos.
“Sou muito tímida com quem não conheço, mas muito extrovertida com quem tenho afinidade. Sou também muito brincalhona.”
Ela nos conta um pouquinho de sua história:
“Vim de uma família muito humilde. Minha mãe teve que criar 3 filhos sozinha, por que se separou de meu pai, com quem tinha um casamento conturbado.
Aos 14 anos tive que entrar no mercado de trabalho. Minha mãe sempre trabalhou, mas precisou sair do trabalho para cuidar de minha avó que ficou acamada.
Esse histórico de família, deixou marcas em mim.“
– E quando a Fabi virou a chave? Quando tomou consciência que tudo isso não iria prejudicar a sua caminhada, o seu crescimento?
“Na infância e adolescência estas sequelas me bloqueavam, não me deixavam confiar nas pessoas. Isso me paralisou muito.
Mas, na vida adulta, eu decidi mudar, por mim mesma. Não tinha condição de pagar um psicólogo, então me apeguei a Deus. Eu cresci no mundo evangélico, mas não tinha aquela convicção. Mas, quando comecei a acreditar mais em Deus, isso mudou minha cabeça e consegui até mesmo perdoar. Minha virada de chave foi pela fé.
Infelizmente trouxe toda essa bagagem pro meu casamento. Mas, por meu esposo me amar muito (agradeço muito a ele), ele teve paciência e trabalhamos juntos estas questões e hoje posso dizer que sou excelente esposa [risos], companheira, sou parceira.”
– E amor pelos pets?
“O Alvin vai fazer 2 anos, é da raça Shih-tzu. Ele veio através da Thayná, minha colega de trabalho. Ela tem 2 casais de Shih-tzu que deram cria e eu comprei um filhote dela. No início, eu não queria, meu esposo sempre quis, então, como é um cachorrinho pequeno, resolvi comprar. E é um amor que não existe…”
– Ele te ajudou? Te fez mais feliz?
“Sim, é uma terapia. Eu era muito estressada, e hoje mudei. Sempre fui muito organizada, gosto de tudo certinho. Mas, com ele, não tem como, ele deixa a casa bagunçada e isso me mudou também. Ver que a vida não precisa ser assim. Não precisamos levar tudo a ferro e fogo.”
– E como foi vir trabalhar no Memorial Parque Jaraguá?
“Eu enviei meu currículo para a Infojobs e dois dias depois, a Ritinha (do RH) entrou em contato comigo para participar de um processo seletivo. Quando ela disse que era para trabalhar no (então chamado) Cemitério Jaraguá, eu levei um susto. [risos]. Mas, resolvi ver como seria esta nova experiência. E daí em diante foi muito bom! Tenho que agradecer a Deus por que trabalhar aqui é muito gratificante. É uma empresa que é muito família, se preocupa verdadeiramente com os colaboradores. Isso eu nunca vi em outras empresas que trabalhei.
O Memorial Parque Jaraguá trabalha com humanização com os concessionários, mas em primeiro lugar faz isso com seus colaboradores. Isso é muito lindo mesmo! O susto inicial, se transformou em uma experiência muito positiva.”

– O que você faz no Memorial?
“Hoje atuo na função de atendimento aos concessionários. Entro em contato para lembrar os clientes dos boletos que estão vencidos. Mas, em meu contato, tento entender o porquê dessa inadimplência. Sempre procuramos entender e ajudar na medida do possível. Também atendo clientes que querem fazer a mudança de titularidade, qualificação de herdeiros e essas questões mais burocráticas.
Ao chegar no Memorial, eu ligo meu computador e acesso a planilha que lista os clientes que preciso entrar em contato no dia.
Às vezes tenho contato com histórias que me comovem e me fazem pensar na vida.”
– Como é trabalhar em um cemitério, numa empresa que trabalha no atendimento ao luto?
“É muito diferente. Sempre trabalhei na área de atendimento, mas, nunca imaginei trabalhar na área do luto [risos].
Quem não trabalha, tem um certo receio… parece que a gente está chamando o luto para dentro de nossa casa. É muito diferente, mas é muito gostoso.
No começo ficava receosa de falar que trabalhava em um cemitério, por que existe ainda um certo preconceito. Mas, depois pensei melhor e vi que eu tenho que ser eu mesma e não esconder onde trabalho. Hoje na minha roda de amigos, eles até brincam muito comigo.”
– E a questão do luto para você? Mudou depois de vir trabalhar no Memorial?
“Hoje vejo a morte de uma outra forma. É nesse momento de sensibilidade que eu acredito que a pessoa é mais verdadeira. É nessa hora que ela realmente expõe seus sentimentos.
Trabalhar aqui, realmente mudou a minha visão sobre o luto.
Passar por estes momentos nos faz ver que é importante dar mais valor à vida. O momento é único e às vezes a gente leva tudo a ferro e fogo sem necessidade… a vida é tão curta… vamos ser mais solidários, mais felizes, viver mais.”
– E sobre o slogan ” acolhimento quando você mais precisa”, o que significa para você?
“Acolhimento é tudo. Acolher é ter a certeza de que, quando estiver passando por algum problema, terá sempre uma pessoa pronta para te ajudar, sem precisar pedir. A certeza de que terá um suporte com os braços estendidos para te ajudar. E isso perpassa todos os momentos da pessoa no Memorial. Mesmo no processo de cobrança, nós buscamos acolher e entender o motivo desse atraso de pagamento e criar situações para auxiliar a pessoa da melhor forma.”
– Que último recado ou mensagem você daria a quem está lendo esta entrevista?
“Se tivesse que dar um recado agora para quem está vendo esta entrevista seria: Tenha fé, por que foi ela que me reergueu, me tirou lá do fundo. Não sei o que você está passando, talvez uma adversidade da vida. Mas, nem tudo a gente precisa levar a ferro e fogo, sempre existe uma esperança.
Levanta a cabeça, olha para o alto, tenta se apegar a algo que você ama, por que nós já somos vencedores.”